sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sem Pele


Estava a bordo da ilusão mais verídica vivida,
Naquele momento não estava no cais, estava dentro dos seus pensamentos,
Viveu aquele momento sem pele, com os órgãos livres da cobertura, expostos,
Sentia ali a diferença irritante, dentro e fora do navio,
Estava dentro, seus olhos permaneceram fora por alguns instantes,
Por alguns instantes, logo, entregou seu corpo aquele lugar,
Experimentou novos aromas, pertenceu àquela mistura de cheiros,
Embriagada com tanta beleza, esqueceu naquele momento completamente de si,
Na proa sentiu o ar mais puro já respirado, os pássaros coreograficamente ensaiados,
Tangente era o sentimento de liberdade, incrédula com tanta leveza, sentiu-se culpada,
A culpa não demorou, logo estava entregue a euforia do momento,
A euforia que insistiu em durar por um bom tempo,
Lembrou-se de Castro Alves, mas precisamente do seu poema, O Navio Negreiro,
Uma parte de seu poema retratava com simetria o seu sentimento, era essa:
“Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar - dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
- Constelações do líquido tesouro...
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...”

Luciana & Castro

3 comentários:

Anônimo disse...

Faz tempo que lei isso aqui e gosto do que leio.

Anônimo disse...

Finalmente estou podendo comentar.

excessiva disse...

Fico Feliz.
Quem é vc?